2012/07/27

Relações Antagônicas entre Academia e Indústria Solicitam Revisões.


É percebido, com preocupação, que nos mais diversos desenvolvimentos gerados por distintos setores da Sociedade a participação efetiva da Academia (da Universidade) é limitada; chegando a ser, em certos casos, inexistente. Estranhas, ou antes, problemáticas, também, são as limitadas relações evidenciadas entre a Indústria e a Universidade que parecem manter um acordo tácito que leva ao antagonismo entre a Ciência e a Tecnologia.

Mas, não teríamos nós, a Universidade e a Indústria, que nos aproximarmos mais e pensarmos em conjunto o futuro de nossa Nação? A Ciência e o Conhecimento não deveriam conversar mais intensa e constantemente com a Indústria e com o Setor Produtivo para pensarmos e construímos um Mundo Melhor para as Pessoas, para a Sociedade, para a nossa Nação a partir das Tecnologias possíveis? Refletir sobre os mecanismos e as atividades que convirjam para fortalecer a parceria entre Universidade e Indústria não seria uma obrigação de ambas as partes envolvidas? Por que, então, o desafio de ampliar as relações entre a Academia e a Indústria em nosso país é muito pouco considerado?


Embora possam ser reconhecidas algumas importantes ações em desenvolvimento para diminuir as enormes distâncias entre a Indústria e a Universidade, o conjunto de tais ações pode ser considerado extemporâneo e divergente quanto ao engajamento dos interessados participantes em trabalhar em prol da união de forças da Universidade e da Indústria para garantirmos o efetivo desenvolvimento de nossa nação quando estes são (em particular) Estudantes ou Professores. Porquanto, a participação de Professores e Estudantes neste processo não chega a ser significativa e o total de envolvidos não é multiplicado (e nem mesmo repetido) lá nas salas de aula, nas salas de professores, nos laboratórios de estudo e pesquisa, nos auditórios, nos gabinetes, nas direções, nas coordenações ou nos pátios das Universidades que proclamam a necessidade da conjunção entre Ensino, Pesquisa e Extensão. As classes Docente e Discente não conversam diretamente com os vários setores da Sociedade nos quais estão inseridas, distanciando-se cada vez mais da realidade condicional e contingente determinado pelo Mercado.


Seria importante (e necessário) que nossos Acadêmicos, em particular, estivessem desenvolvendo seus Trabalhos de Conclusão de Curso propondo e desenvolvendo soluções para melhorar a vida das pessoas (como é usual nas grandes e importantes Universidades no mundo desenvolvido). Como seria decisivo se Professores pesquisassem e ensinassem novas e inovadoras Tecnologias para um Mundo melhor.


De outro lado, porém, quando nos referenciamos ao número de patentes registradas ou ao volume de pedidos de patentes em nosso país a situação é ainda mais crítica se comparada com o restante do mundo.


Há de se questionar, então, que pesquisas estamos realizando nas Universidades e por que não somos capazes de desenvolver e patentear nossos inventos em número compatível com o restante das sociedades desenvolvidas.


Se as pesquisas não são realizadas para melhorar a vida das pessoas (no amplo sentido do termo melhorar), que relevância, que impacto as mesmas podem gerar no mundo que delas necessitariam? Como é possível pesquisa sem desenvolvimento ou inovação? Existindo os ODM (Objetivos Do Milênio) por que não há um forte engajamento das Instituições de Ensino com este importante movimento? Tendo o NÓS PODEMOS PARANÁ por que Professores e Estudantes paranaenses não estão trabalhando efetivamente os Oito Jeitos de Mudar o Mundo? Por que a maioria sequer sabe da existência de tais movimentos? Falta de comprometimento talvez seja uma das razões.


É sabido que dezenas de milhares de pessoas anônimas participam diretamente das atividades promovidas pelos ODM. Mas, destes totais quantos são os Professores que formam grupos de trabalhos institucionalizados dentro das Universidades (em particular, das Universidades Públicas) e compromissados em devolver soluções para uma Sociedade com mais Dignidade ou para um Mundo Melhor?


O paradigma em vigência necessita ser transformado para fazermos parte deste Mundo Melhor que, em constante e contínua transformação, solicita a ajuda da Ciência, do Conhecimento e das Tecnologias que deveriam ser os frutos da união de esforços entre a Universidade e a Indústria.


Carlos Magno Corrêa Dias

Curitiba-PR, 27/07/2012