2024/03/19

Prefácio à primeira edição de “Sustentabilidade e cognição”.


Prefácio à primeira edição de “Sustentabilidade e cognição”.

Curitiba: Carlos Magno Corrêa Dias, 2017.
ISBN: 978-85-88925-29-8.


No período de 6 a 8 de setembro de 2000, em Nova Iorque, era assinada, na Cimeira do Milênio, a Declaração do Milênio das Nações Unidas a qual foi firmada por líderes internacionais para alcançar os chamados ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) os quais objetivaram, como principais metas, buscar os meios para que a humanidade conseguisse reduzir a extrema pobreza, fosse possível o fornecimento de água potável e educação para todos e, definitivamente, se acabasse com a fome no mundo.

Durante quinze anos desde a proclamação dos ODM os signatários mundiais trabalharam para alcançar os oito objetivos definidos e suas metas associadas desenvolvendo de forma coletiva ou individualizada diversas ações que em muito contribuíram para melhor a vida dos cidadãos das comunidades mais vulneráveis do mundo.

Os ODM foram alcançados parcialmente e, também, o combate às injustiças e à desigualdade, ao terror e ao crime, foram em muito conseguidos. Os homens atingiram, por meio dos trabalhos para alcançar os ODM, uma maior conscientização para proteger a Terra a qual, indubitavelmente, constitui o nosso maior patrimônio comum.

Conforme definido, os ODM pretendiam:

ODM 1: Acabar com a fome e a miséria;

ODM 2: Garantir Educação básica de qualidade para todos os homens;

ODM 3: Instituir a igualdade entre os sexos e a valorização da mulher;

ODM 4: Reduzir a mortalidade infantil;

ODM 5: Melhorar a saúde das gestantes;

ODM 6: Combater a AIDS, malária e outras doenças endêmicas;

ODM 7: Estabelecer a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente; e,

ODM 8: Possibilitar que todos trabalhem pelo desenvolvimento.

Mas, não se conseguindo atingir os ODM, plenamente, em todos os lugares, até 2015, prazo para o encerramento dos trabalhos previsto pela Declaração do Milênio, a humanidade continuou a ser requisitada para alcançar integralmente os objetivos e metas propostos pelos ODS.

Os trabalhos em prol do alcance dos ODM promoveram, certamente, significativas mudanças no mundo e em 2015 havia um mundo bem melhor que aquele que a humanidade possuía em 2000.

A pobreza seguiu diminuindo a cada ano, um número de crianças nas escolas primárias aumentou sequencialmente, o acesso à água potável foi ampliado, o número de mortes de crianças reduziu muito drasticamente, uma enorme quantidade de investimentos no tratamento e prevenção de doenças salvou e está salvando milhões de vida, sem contar que ao redor do mundo a conscientização sobre a necessidade de se deixar um mundo melhor para o futuro aumentou significativamente.

Os trabalhos desenvolvidos para se atingir os ODM contribuíram para a melhoria de vida das pessoas no mundo inteiro e promoveram progresso e desenvolvimento significativo em diversas partes. Contudo, pessoas continuam morrendo de fome ou por contraírem doenças transmitidas sexualmente, crianças são exploradas diariamente, grande parte do meio ambiente é destruído diariamente, o homem segue sobrepujando o próprio homem, as mulheres são tratadas profissionalmente de forma distinta dos homens, a violência é um mau constante na maior parte do círculos sociais, grande parte das pessoas continuem sem a oportunidade do estudo, dentre outras inúmeras agressões aos Direitos Humanos e à Sustentabilidade.

Chegado ao término do prazo estabelecido percebeu-se que muito ainda deveria ser feito para se atingir a humanidade almejada pelo alcance dos ODM. Mas, não havia, também, como deixar de assumir que o mundo em 2015 era muito mais complexo que o mundo de 2000. Os antigos problemas se diversificaram e uma gama de novas problemáticas surgiu com intensidade sequer aventada. Os desafios continuavam sendo enormes e as complexidades ampliadas.

Os ODM não atendiam mais, plenamente o mundo contemporâneo. Novas exigências, complexidades e desafios constatados em 2015 solicitaram futuros posicionamentos e ações associadas. O mundo, então, passou a se organizar em torno da Agenda 2030 da ONU que obrigou a ampliação dos ODM e exigiu alcançar dezessete novos objetivos que atualmente são referenciados como Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) os quais são individualizados como:

ODS 1: Acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares;

ODS 2: Eliminar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhor nutrição, promovendo a agricultura sustentável;

ODS 3: Assegurar vidas saudáveis e promover o bem-estar para todos em todas as idades;

ODS 4: Assegurar educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizado por toda a vida para todos;

ODS 5: Alcançar a igualdade de gênero e capacitar todas as mulheres e crianças;

ODS 6: Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável de água e saneamento para todos;

ODS 7: Assegurar o acesso à energia confiável, sustentável, moderna e à preço acessível;

ODS 8: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego integral e produtivo e trabalho decente para todos;

ODS 9: Construir infraestrutura resiliente, promover industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;

ODS 10: Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles;

ODS 11: Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

ODS 12: Assegurar padrões sustentáveis de consumo e de produção;

ODS 13: Adotar ação urgente para combater a mudança do clima e seus impactos;

ODS 14: Conservar e usar os oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;

ODS 15: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, promover a gestão sustentável de florestas, combater a desertificação, cessar e reverter a degradação da terra e cessar a perda de biodiversidade;

ODS 16: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, oferecer a todos o acesso à justiça e construir instituições efetivas, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; e,

ODS 17: Fortalecer os meios de implementação e revigorar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Os ODS exigem, então, a ampliação dos trabalhos a realizar e se apresentam como um desafio mais complexo e intenso que solicita maior expertise para se atingir os mesmos.

O conhecimento foi determinante para engendrar as soluções que objetivaram o alcance dos ODM e não será diferente para se atingir os ODS. É necessária a cognição para se perceber, entender e propor soluções dos problemas que se diferenciam nos distintos campos da sustentabilidade.

No sentido em referência, nos últimos anos, diversos artigos foram redigidos pelos autores da presente obra procurando associar a cognição à sustentabilidade para perspectivar soluções que poderiam contribuir para o alcance tanto dos ODM quanto dos ODS.

Nesta obra são reunidos alguns textos escolhidos e anteriormente publicados em outras mídias que objetivam chamar a sustentabilidade como a capacidade de o ser humano interagir com o mundo preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras nos âmbitos econômico, social, ambiental e energético servindo-se da cognição ou conhecimento.

No sentido anterior, assume-se, então, que a ações sustentáveis devem ser ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas.

Observe-se que no primeiro capítulo (Sustentabilidade econômica possibilitando inovação) da obra são apresentados artigos que visam por em evidência conjunto de observações relacionadas com o desenvolvimento econômico e que venham preservar o meio ambiente e garantam a manutenção dos recursos naturais para as futuras gerações.

Chamando a sustentabilidade social são reunidos no Capítulo 2 (Sustentabilidade social promovendo dignidade) textos que trazem considerações sobre posicionamentos visando melhorar a qualidade de vida da população dado entender que a sustentabilidade social deve diminuir as desigualdades sociais, ampliar os direitos e garantir acesso à educação e à saúde.

Entendo que a sustentabilidade ambiental deva reunir ações para preservar o meio ambiente e garantir o desenvolvimento no Capítulo 3 (Sustentabilidade ambiental condicionando resiliência) são apresentadas considerações que buscam chamar a atenção para alguns pontos que contribuam para a manutenção de ecossistemas, mas que permitam a geração de alternativas para a geração de medidas que promovam as atividades humanas no planeta.

Nos Capítulos 4 (Sustentabilidade computacional) e 5 (Química verde em engenharia universal) são apresentados textos que abordam a necessidade de se pensar novos produtos químicos que agridam menos o meio ambiente e como as mais recentes tecnologias computacionais podem contribuir para a sustentabilidade.

Por fim, aspectos gerais da sustentabilidade do conhecimento são apresentados no Capítulo 6 (Inovação em sustentabilidade cognitiva) quando são chamadas considerações sobre a Tríplice Hélice do conhecimento e nanotecnologia.

O conjunto dos textos neste livro não consegue, por certo, contemplar todas as dimensões da sustentabilidade enquanto um conceito sistêmico relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana presente e futura no sentido de promover a exploração do planeta de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente, a vida das comunidades humanas e toda de toda biosfera que delas dependem para existir. Contudo, algumas questões imprescindíveis foram chamadas para a reflexão.

Que a obra possa perspectivar extensões sobre o entendimento a respeito da sustentabilidade em seus múltiplos aspectos de forma a garantir que a qualidade de vida na Terra seja mantida para as populações atuais e para as suas sucessivas gerações futuras.

Que os conteúdos apresentados exijam, também, aprofundamentos e contribuam para motivar o engajamento para o desenvolvimento de trabalhos ou ações que permitam o alcance dos ODS e o cumprimento da Agenda 2030 da ONU.

De outro lado, necessariamente, contudo, agradecimentos são externados a todos que, direta ou indiretamente, com maior ou menor intensidade, contribuíram mais uma vez para que o presente trabalho fosse possível existir e que, invariavelmente, torcem pelo nosso contínuo sucesso e realização.

Que DEUS nos ilumine e sempre nos proteja.

A DEUS sempre agradecemos sem reservas.

Carlos Magno Corrêa Dias
Curitiba, 15/04/2017