Academia e Indústria: Caminhos Opostos de um Mesmo Destino.
Quando somos solicitados a avaliar
o progresso de um país como o nosso há de se ressaltar, de imediato, que o
aumento das distâncias entre a Academia e a Indústria é fato determinante e
recorrente para se manter apenas a estagnação. Tal distanciamento tem
contribuído para limitar, acentuadamente, a necessária transferência de
conhecimentos entre estes dois importantes pólos geradores do saber; o que, por
sua vez, de um lado, vem cercear a competitividade e, de outro, vem comprometer
o desenvolvimento efetivo de nossa nação.
Este obstáculo na transferência de conhecimentos entre
a Indústria e a Universidade permite, por outro enfoque, também, a duplicação
de esforços e impede, consequentemente, o engendrar de produtos, processos e
metodologias que melhor possibilitariam a geração de inovação, quanto mais a
produção de inovação eficaz (e eficiente, ou transformadora). Com preocupação é
constatado, ainda, o fato da Academia e da Indústria não unirem esforços e não
colaborem fortemente entre si para a implantação de uma política intensiva de
aportes em inovação e desenvolvimento de pesquisas, que constituem agentes
propulsores de qualquer processo evolutivo no hoje mundo do conhecimento.
Sem reconhecermos o outro jamais adquiriremos cidadania
e, sem cidadania, não conseguiremos garantir a dignidade entre os homens.
Contudo, os trabalhos desenvolvidos no sentido de aproximação efetiva entre a
Universidade e a Indústria para a geração de conhecimento conjunto ou para a
troca de conhecimentos gerados focando a inovação e o desenvolvimento de nosso
Estado e do próprio Brasil são pífios. Existem lacunas nos trabalhos realizados
ou pouca força (intenção) política no sentido de manter a necessária simbiose
entre a Academia, a Indústria e o próprio Governo.
São percebidas dificuldades no campo da extensão e da
inovação as quais se não equacionadas, brevemente, objetivando rápidas
soluções, poderão instaurar, em curto espaço de tempo, um processo de não
desenvolvimento que permitirá transcender da possível estagnação atual para o
verdadeiro retrocesso em várias instâncias. É premente que o conhecimento
(tanto no campo da Tecnologia quanto no universo da Ciência) seja gerado para a
solução de problemas do país. Assim, não é possível que os setores organizados
da Sociedade caminhem em várias direções distintas ou, o que é pior, caminhem
em sentidos opostos (efetivamente).
É notório que a Universidade não realiza pesquisa
relevante para o contexto do Brasil fazendo com que o mercado e a indústria não
sejam capazes de usufruir dos correspondentes resultados. A incessante
publicação de artigos irrelevantes para a solução dos problemas do país não
interessa, em absoluto, aos investidores que, por sua vez, não percebendo
inovação não investem. Mas, sem investimentos, a Indústria não consegue inovar.
Caímos, então, em um ciclo repetitivo que não leva a lugar algum. Contudo, se a
Tecnologia da Indústria e a Ciência da Academia mantiverem um o diálogo contínuo
e constante, compromissados com o país, inevitavelmente haveremos de propiciar
inovação e competitividade para o desenvolvimento em todos os setores.
É necessário nos unirmos (os vários setores organizados
da Sociedade) para a produção de novos conhecimentos a partir da troca de
conhecimentos que já desenvolvemos em separado. Projetos devem ser demandados
que objetivem atingir um encurtamento da distância entre a Indústria e a
Academia objetivando fortalecer a concepção que a pesquisa, o desenvolvimento e
a inovação são diferenciais necessários para o desenvolvimento da Nação e para
a garantia da dignidade e melhoria de vida do Cidadão.
Carlos Magno Corrêa Dias
Curitiba-PR, 02/07/2012