2012/07/02

Academia e Indústria: Caminhos Opostos de um Mesmo Destino.


Quando somos solicitados a avaliar o progresso de um país como o nosso há de se ressaltar, de imediato, que o aumento das distâncias entre a Academia e a Indústria é fato determinante e recorrente para se manter apenas a estagnação. Tal distanciamento tem contribuído para limitar, acentuadamente, a necessária transferência de conhecimentos entre estes dois importantes pólos geradores do saber; o que, por sua vez, de um lado, vem cercear a competitividade e, de outro, vem comprometer o desenvolvimento efetivo de nossa nação.

Este obstáculo na transferência de conhecimentos entre a Indústria e a Universidade permite, por outro enfoque, também, a duplicação de esforços e impede, consequentemente, o engendrar de produtos, processos e metodologias que melhor possibilitariam a geração de inovação, quanto mais a produção de inovação eficaz (e eficiente, ou transformadora). Com preocupação é constatado, ainda, o fato da Academia e da Indústria não unirem esforços e não colaborem fortemente entre si para a implantação de uma política intensiva de aportes em inovação e desenvolvimento de pesquisas, que constituem agentes propulsores de qualquer processo evolutivo no hoje mundo do conhecimento.

Sem reconhecermos o outro jamais adquiriremos cidadania e, sem cidadania, não conseguiremos garantir a dignidade entre os homens. Contudo, os trabalhos desenvolvidos no sentido de aproximação efetiva entre a Universidade e a Indústria para a geração de conhecimento conjunto ou para a troca de conhecimentos gerados focando a inovação e o desenvolvimento de nosso Estado e do próprio Brasil são pífios. Existem lacunas nos trabalhos realizados ou pouca força (intenção) política no sentido de manter a necessária simbiose entre a Academia, a Indústria e o próprio Governo.

São percebidas dificuldades no campo da extensão e da inovação as quais se não equacionadas, brevemente, objetivando rápidas soluções, poderão instaurar, em curto espaço de tempo, um processo de não desenvolvimento que permitirá transcender da possível estagnação atual para o verdadeiro retrocesso em várias instâncias. É premente que o conhecimento (tanto no campo da Tecnologia quanto no universo da Ciência) seja gerado para a solução de problemas do país. Assim, não é possível que os setores organizados da Sociedade caminhem em várias direções distintas ou, o que é pior, caminhem em sentidos opostos (efetivamente).

É notório que a Universidade não realiza pesquisa relevante para o contexto do Brasil fazendo com que o mercado e a indústria não sejam capazes de usufruir dos correspondentes resultados. A incessante publicação de artigos irrelevantes para a solução dos problemas do país não interessa, em absoluto, aos investidores que, por sua vez, não percebendo inovação não investem. Mas, sem investimentos, a Indústria não consegue inovar. Caímos, então, em um ciclo repetitivo que não leva a lugar algum. Contudo, se a Tecnologia da Indústria e a Ciência da Academia mantiverem um o diálogo contínuo e constante, compromissados com o país, inevitavelmente haveremos de propiciar inovação e competitividade para o desenvolvimento em todos os setores.

É necessário nos unirmos (os vários setores organizados da Sociedade) para a produção de novos conhecimentos a partir da troca de conhecimentos que já desenvolvemos em separado. Projetos devem ser demandados que objetivem atingir um encurtamento da distância entre a Indústria e a Academia objetivando fortalecer a concepção que a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação são diferenciais necessários para o desenvolvimento da Nação e para a garantia da dignidade e melhoria de vida do Cidadão.

Carlos Magno Corrêa Dias
Curitiba-PR, 02/07/2012