2013/05/18

Da “Arca Tradescant” para a Eternidade.


Embora no texto “Reconhecimento às Casas de Preservação das Criações da Humanidade”, do dia 18 de maio de 2013, já tenha feito uma simples homenagem aos Museus, continuo nesta narração a ponderar aspectos que julgo necessários ainda evidenciar quanto ao tema, principalmente, por ser uma oportunidade especial para uma vez mais recordar os importantes Tradescant.

Quando se fala em Museu, pelo menos em círculos gerais, tem-se a impressão que estes sempre existiram e que são depósitos de “coisas” velhas e repetidas que não servem mais e que ninguém mais utiliza, ficando lá depositadas, esquecidas, abandonadas, por falta de outras opções ou decisões.

Mas, os Museus (oficialmente falando) nem sempre existiram enquanto tais e são, relativamente, recentes na história da humanidade. É apenas em 1683, na Inglaterra, especificamente, em Oxford, que surge o primeiro Museu com as coleções de Elias Ashmole (1617 - 1692) que tiveram origem, em grande parte, na “Arca Tradescant”. Observe-se a propósito da data 18 de maio que a mesma é a de nascimento do antiquário, político e oficial de armas inglês Ashmole (que foi, também, um ávido colecionador de curiosidades e artefatos).

Os Tradescant, “O Velho” John Tradescant (1570 - 1638) pai e “O Jovem” John Tradescant (1608 - 1662) filho, ambos botânicos, jardineiros e colecionadores, foram os precursores da jardinagem na Ilhas Britânicas. Verdadeiros “Caçadores” de plantas construíram uma coleção tão afamada que qualquer pessoa que se considerasse culta e instruída não poderia, sob pretexto algum, deixar de visitar a chamada “Arca Tradescant” quando estando na Inglaterra, pois que lá se encontravam plantas e raridades exóticas trazidas do mundo todo em decorrência das viagens intercontinentais que ambos realizaram.

Homens de determinação incrível e colecionadores por paixão, os Tradescant foram os primeiros naturalistas ingleses que se aventuraram por terras distantes, para conhecer e trazer plantas exóticas. Tradescant pai desenhou jardins e foi o Jardineiro Real a partir de 1630 no reinado de Charles I da Inglaterra (1600 - 1649) rei este que foi canonizado como santo mártir pela Igreja Anglicana.

Segundo consta, o Velho Tradescant nunca descuidou de sua coleção de plantas raras que mantinha em sua casa localizada em Lambeth, um dos 32 boroughs (distritos) da Grande Londres. Além das plantas especiais inúmeros objetos raros e bizarros fizeram a fama do Velho Tradescant de forma que na sua época tudo que podia ser considerado curioso ou diferente só poderia ter sido retirado da “Arca Tradescant”. O Jovem Tradescant seguiu seu pai como colecionador e foi, também, jardineiro real; ampliando sobremaneira a coleção dos Tradescant.

Depois da morte de Tradescant “O Jovem”, Elias Ashmole adquiriu a coleção dos Tradescant e reuniu tudo no que se chamou o Núcleo de Ashmolean que por sua vez foi doado à Universidade de Oxford. Hoje o Museu Ashmole (Ashmolean Museum) é uma das mais conceituadas Instituições Museológicas do mundo com foco na Arte e na Arqueologia e continua sendo administrado pela Universidade de Oxford.

Que a história me perdoe, mas este primeiro Museu deveria ser intitulado o “Tradescantian Museum" (Museu Tradescant) em homenagem àqueles homens especiais que possibilitaram a existência da “Arca Tradescant” entre os homens.

Mas, seja como for, a palavra MUSEU, entretanto, de origem grega, significa “templo das musas”. O termo atualmente é utilizado para designar os locais onde são conservadas coleções de objetos de Arte ou Ciências para preservação e apresentação ao público. Em Alexandria, o vocábulo “museu” foi utilizado para designar o local onde se realizavam os estudos das Artes e das Ciências.

O ICOM (International Council of Museums), em português, Conselho Internacional dos Museus, criado em 1946, um organismo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) que se dedica “à preservação e divulgação do patrimônio mundial, natural e cultural, do presente e do futuro, tangível e intangível” da humanidade, instituiu, em 18 de maio de 1977, o Dia Internacional dos Museus para ser comemora no 18 de maio de cada ano.

No Brasil, há registro que o primeiro Museu data de 1862, quando foi criado, em Pernambuco, o Museu do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Com mais de 150 anos de história o IAHGP (Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano) é o Instituto Histórico estadual mais antigo do Brasil e constitui-se em referencial nacional e internacional.

Entendo que os Museus são pontes entre mundos possíveis, são articulações entre pensamentos e sentimentos, são os guardiões das riquezas intelectuais criadas pelos homens e são os expositores de consequências possíveis daquelas criações. E em assim sendo considero os profissionais que trabalham nos Museus pessoas especiais que respiram a primazia cultural ao serem os responsáveis por possibilitar a guarda desta parte da história da humanidade.

Uma vez mais externo meu reconhecimento muito especial e minha admiração pelo importante trabalho cultural que desenvolvem todos aqueles que vivem os Museus mantendo-os presentes em nossas vidas.

Que os Museus atualmente em funcionamento permaneçam sempre lotados e que outros muitos sejam abertos para serem, também, homenageados com a nossa visitação intensa e contínua.

Carlos Magno Corrêa Dias
18/05/2013