Atendendo a pedidos, republico, na sequência, “SOFISMA”, o qual foi originalmente publicado nos meus livros “Tautologias em Razões Contraválidas” (ISBN 85-88925-06-0), de 2004, e em “Contingências” (ISBN: 85-88925-09-5), de 2005.
Sofisma
Interminável procissão dos humilhados
Desfila diante de infindável absurdo.
Horror alucinatório acomete os desgraçados
Em um mundo apenas cego, mudo e surdo.
A desesperança em massa e sistematizada
Garante o genocídio proposto pela indústria da sorte
Que vende a enganosa propaganda autorizada
Para sobreviver ao triunfo da morte.
A realidade reconciliável com a contradição
Dissemina sonhos fantásticos
Que pouco perceptíveis em sua construção
Geram os sofismas em atos apenas fanáticos.
Festejam na realidade: a fome e a fartura.
A falta de remorso consolida a crueldade.
Mostram-se amigas: a beleza e a feiúra.
Inimigos mortais disputam a fraternidade.
A riqueza enaltece as virtudes da miséria.
A alegria compadece-se com a tristeza.
O grotesco é motivo de pilhéria.
Destrói-se o mundo, mas procura-se salvar a natureza.
O horror da guerra é mantido para se atingir a paz.
O homem fere ou mata seu próprio irmão.
Ao futuro se lança sem se olhar para trás.
O progresso surge em meio à destruição.
A ilusão domina a realidade
Com falsa verdade paradoxal.
O virtual concede à verdade
A fantasia do conveniente real.
Interessante contradição ufana
Permeia a tautologia do ser ou não ser.
Pois, paradoxos da existência humana
Emergem em antinomias em cada alvorecer.
Se a verdade não é relativa,
A contradição não é um fato.
Se a vida é um fato e não há outra alternativa,
A vida é uma contradição de fato.
Se tautológica é a disjunção entre razão e irracional,
Contraválido é o nada que o tudo não pode expressar.
Assim, passível habitante do mundo intencional
O ser esconde-se em paradoxos para não desatinar.
Mas, se a vida não é de fato uma ilusão,
A contradição é a única prerrogativa.
A vida passa a ser mera contradição
Quando a verdade torna-se apenas relativa.
Carlos Magno Corrêa Dias
14/01/2013