2012/12/25
O ANTAGONISMO DO NATAL*.
Nas torres de senhoras igrejas
Os sinos em bronze talhados
Ecoam formosos, viris e altaneiros,
O álacre sentido que do Natal floresce.
Os seres pela fraternidade unidos,
Pelo significado da época,
Em afetuosos abraços e beijos,
Transmitem e aceitam a beleza que o amor ensina.
Ora, Ora, Ora! Como são hipócritas.
Como podem ser tão frívolos,
Tão mesquinhos e insensatos?
Ironias, ilusões e mentiras emolduram o Natal,
Pois que a beira de faustosos banquetes,
Milhões de seres oprimidos, esfomeados,
Padecem a dissipação da vida através da fome.
Enquanto as classes dominantes, fratricidas,
Trocam peles e jóias fabulosas,
Os flagelos sociais, derrocados,
Degradam-se por trapos e jornais,
Que lançados ao lixo,
Aplacam o frio que os congela.
Enquanto jovens e cultas raparigas,
Delicadas, acalentam em porcelana bonecas moldadas,
Outras de igual natureza, mas da riqueza desprovidas,
Amamentam raquíticas crianças providas da miséria.
Enquanto o luxo ostensivo
Reveste opulentas mansões,
Infectos casebres, tomados por desgraças várias,
Sepultam a indigência ali existente.
Sim. O Natal é belo para os que podem ter,
Horrível para os que vivem em total carência;
Veste-se de felicidade para alguns,
Triste e plangente, para a maioria se apresenta.
Carlos Magno Corrêa Dias
Curitiba-PR, 25/12/2012
* Originalmente publicado em:
* DIAS, Carlos Magno Corrêa. Antinomias ou Realidades? Curitiba: C. M. C. Dias, 2002. ISBN: 85-900661-7-7.
* DIAS, Carlos Magno Corrêa. Contingências. Curitiba: C. M. C. Dias, 2005. ISBN: 85-88925-09-5.