2012/12/17

ENIGMAS*.


A inteligência pede socorro.
Afogada pela lacuna do talvez
Perde-se em meio ao flagelo do quem sabe
E deixa-se instruir com a vontade do pode ser.

Condicionada pelo não sei
A certeza foge dos círculos pensantes
E, como um elefante cor-de-rosa,
Assombra várias mentes temerosas.

Dilema cruel e ao mesmo tempo banal
Assola a vulgaridade do luxo austero.
Porquanto, em branco escurecido
Tinge-se a alvura negra da cor perdida.

Perdido encontra-se algo esquecido
No íntimo de comunidade oclusa.
Verdade contrariada pela falsa afirmação
Transcende o contraditório do gado dominado.

Domínios não guarnecidos, mas infectados.
Infectos falsos poderes degenerados
Comandam o destino de fatalidades reais
Nas mentes virtuais de guardiões enfraquecidos.

Olha-se e não se vê aquilo que o nada produz.
Escuta-se o que não poderia ser ouvido.
Pensa-se na escuridão de idéias iluminadas
Para esconder-se no eterno vazio do todo.

Tudo que a todos conduz ao nada.
Nada totalidade do vazio em ato.
Potências desiguais em extremos relativos
Por nulidade absoluta espelha-se em totalidade.

Enigmas descobertos ou traduzidos,
Traduções interpretadas ou inventadas,
Bobagens transformadas em importância
Arrasam em oclusão charadas desvendadas.

Respostas possuídas de perguntas não feitas
Ilustram a existência de questões sem respostas.
Mas, enganos sobre enganos empilhados
Resolvem problemas sem determinação alguma.

Carlos Magno Corrêa Dias
Curitiba-PR, 18/12/2012

Originalmente publicado em:
* DIAS, Carlos Magno Corrêa. Dilemas Cotidianos. Curitiba: C. M. C. Dias, 2010. ISBN: 978-85-88925-12-0.
* DIAS, Carlos Magno Corrêa. Contínuas possibilidades. Curitiba, 2011. ISBN: 978-85-88925-13-7.