2012/04/27

Semântica e Sintaxe das Linguagens Cultas Impõem Interpretações Dissimuladas.


Em dada oportunidade, quando discussões eram travadas sobre a lógica envolvida no movimento rock e sobre seus adeptos, questionava-se quando, de fato, um tal movimento teria surgido e qual teria sido aquele o melhor representante.
Imediatamente, sem receio de errar, para espanto dos interlocutores, afirmei categoricamente que o movimento sempre existiu e que o melhor representante não poderia ser outro senão: Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart.

É isto mesmo, insisti: WOLFGANG AMADEUS MOZART. Os dois primeiros nomes ele não utilizava. Theophilus na versão latina é Amadeus. Na forma germânica Wolfgang substitui a forma latina Wolfgangus. Até na seleção do próprio nome Mozart deixou transparecer inconformidade com os padrões comuns impostos pelos conceitos que quando não compulsórios cedem lugar aos domínios compulsivos.

A semântica e a sintaxe das linguagens cultas nos fazem, em geral, distanciar das realidades e nos impõem interpretações que muito podem nos enganar.

Embora o vocábulo ROCK (rocha, fundamento) seja utilizado como termo abrangente para conceituar o gênero musical desenvolvido durante e após a década de 1950, os ROQUEIROS (artistas insurgentes que questionam os padrões combinando sons e silêncio em dada organização ao longo do tempo) povoam a Terra desde o surgimento da música. E, neste sentido, dentre eles, Mozart é um especial representante.

Ouvindo “Rondo Alla Turca” ou popularmente “Marcha Turca” (III. Alla Turca - Allegretto in A minor), o terceiro movimento da Sonata para Piano No. 11 in A major, K. 331, composta por Mozart (por volta de 1793), por exemplo, talvez não se perceba a intenção referenciada. Contudo, apreciando a peça completa (com os seus três movimentos: 1. Andante, 2. Menuetto, 3. Allegretto) já se poderia conjeturar sobre a tese levantada.

Mas, é o conjunto da obra de Mozart que lhe dá o status atribuído neste contexto, pois a briga implícita com o comum o diferencia. Porém, inevitável ou inexoravelmente, em qualquer aproximação, estaremos, também, diante dos sempre conceitos.

Apenas em sentido lato, evidências contingentes não permitiriam dissociação  estrita entre o aspecto subjetivo provocado pelos conceitos atemporais envolvidos no confronto sugerido entre roqueiro (questionador do fundamento) e rock (o próprio fundamento). Assim, transcendendo posições de parcialidade, considere os Concertos para Violino 1, 2 e 3 de Mozart, como exemplos contrapositivos agregados ao posicionamento precedentemente assumido.

Carlos Magno Corrêa Dias
Curitiba-PR, 27/04/2012